Quando Aguinaldo Silva disse que "Fina estampa" seria sua novela mais naturalista ele não estava enganado. Pelo que se viu no primeiro capítulo da novela, a trama envolvendo Griselda (Lilia Cabral) e o filho Antenor (José Antenor) tem tudo para agradar.Afinal, jovens com vergonha da mãe não são raridade. É claro que novela aumenta a história, faz drama, mas a relação dos dois poderia acontecer nas melhores famílias. Lilia e Caio mostraram química desde a primeira cena. Ainda visto com certa resistência, Caio Castro provou numa sequência importantíssima que não é só um rostinho bonito. A briga entre Griselda e Antenor na faculdade do moço foi de arrepiar. Lilia não precisou chorar para mostrar que estava em choque com a reação do filho. E Caio não fez caras e bocas nem gritou para dar o recado do susto e da raiva que seu personagem estava sentindo.
Seu par romântico com Adriana Birolli pode dar certo. Ela é boa atriz e fez direitinho os muxoxos de uma mocinha como a romântica Patrícia. Ainda é a segunda novela de Adriana (que só havia feito a invejosa Isabel em "Viver a vida) e só o fato de Aguinaldo apostar numa jovem diferente da turma Mariana Ximenes-Deborah Secco-Juliana Paes-Carolina Dieckmann, que emenda uma novela em outra, já é um refresco em tempos de tantas repetições. Sophie Charlotte e Marco Pigossi são um exemplo dessa nova geração de rostos desconhecidos e talentosos. Amália e Rafa têm tudo para brilhar na nova novela das nove: a bonitinha e o malandro. Tudo bem que o ator fez tipo parecido em "Ti ti ti", mas nesse primeiro capítulo Marco nem lembrou o antigo trabalho. Tomara que continue nesse caminho.
O mesmo não se pode dizer de Christiane Torloni. Sua vilã, Tereza Cristina, parece ter saído dos contos de fada. Sua interpretação exagerada, sempre gritando, estava mais para as bruxas infantis do que para uma malvada naturalista, como o autor tanto falou. As frases chocantes e as atitudes enlouquecidas são engraçadinhas, cumprem o papel. Mas ainda é questão de tempo saber se o exagero de Torloni vai funcionar ou cansar o telespectador. Já Marcelo Serrado vai pelo caminho contrário. Seu Crô também é uma caricatura de gay afeminado que parece inspirado em histórias em quadrinhos, mas é curioso ver a atuação do ator. Talvez seja porque Serrado não costuma fazer personagens desse tipo, o que é positivo para ele. Vê-lo em cena é garantia de, pelo menos, um sorrisinho no canto na boca. Como Christiane costuma fazer o mesmo tipo de papel (a eterna perua rica e histérica) a impressão que se tem é de que ela está apenas mais, digamos, estridente. E aí dá um sono...
Sono, aliás, foi o que deu com a abertura da novela. Que música escolhida foi aquela? Zeca Pagodinho fez uma música especialmente para a personagem principal e era óbvio que a canção seria mais apropriada para abrir a história. O som instrumental lembrou - e muito! - a abertura de "A favorita". Minha filha, que tinha pouco mais de 1 ano e dançava cada vez que ouvia o começo da novela de João Emanuel Carneiro, também deu uma sacudidela ao ouvir a abertura de "Fina estampa". Seria coincidência?
Ainda não deu para saber o que a turma da praia vai acrescentar à novela. Neste primeiro dia, a galera pareceu descartável, mas como Aguinaldo Silva não deu ponto sem nó é esperar para ver. O primeiro capítulo de "Fina estampa" mostrou uma novela simples, popular e precisa. Parece que vai ser uma trama agradável, um novelão que promete ganhar a simpatia dos telespectadores, ávidos por poder acompanhar uma história que poderia ser a de sua própria família. Sem invencionismos, "Fina estampa" está no caminho para repetir o sucesso de "Senhora do destino", uma das maiores audiências de Aguinaldo Silva.
Fonte: paraiba
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